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quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

A HISTÓRIA DO HELENO - DO BLOG


Sou Botafogo Papai!

Não sou o melhor para manter um blog e responder os comentários, me vejo mais lá no OGloboOn acertando os urubulinos. Meu tempo está muito fechado e terei dificuldades. Mas como nosso blogueiro mor Marcos Paret nos abriu bela oportunidade acho que posso compartilhar com os amigos um belo momento de minha infância.

No interior do Rio de Janeiro, no tempo da TV preta e branca, TV à cores só para ricaços, onde só se via TV Tupi e Rede Globo, em época que o rádio de papai, um Semp 4 faixas já sem válvula, moderníssimo com transistor e um circuito integrado, coisa de dar inveja a muitos, aquela caixa de abelhas narrava jogos do Botafogo na década de 70 quando pude escolher meu time de coração.


Nada de influência de mídia pesada, pois poucos tinham TV e tempo para ver. Tempo de muito trabalho. Papai era um comerciante das antigas. Na Venda dele achávamos anzol mosquitinho, banha, enxadas, feijão, açúcar, canjiquinha, arroz vendido a peso (vendi várias vezes 500g de arroz pesado na balança e colocado em sacola de papel) e etc. Tínhamos no quintal galinhas, porcos que matávamos e vendíamos em nossa venda. Povo da roça vinha à cidade resolver problemas e fazer compras. A venda de papai era a primeira da cidade ao entrar e o povo da zona rural fazia ali seu ponto para pegar o caminhão de volta a roça.

Papai ligava o rádio para que todos pudessem ouvir os jogos de futebol. Como bom comerciante colocava de todos os times. Eu já sabia que papai torcia para o Botafogo, mas ele era bem contido para não perder os fregueses .

Eu tinha cinco anos de idade e me lembro de todos os detalhes, dos balcões, das prateleiras, das bebidas, de muitos que já foram e não estão mais entre nós.

Sempre éramos convidados para aniversários. Trabalhávamos muito e tínhamos pouco tempo para festas, mas minha querida mãe sempre que podia me levava.

Certo dia, voltei tristinho de um aniversário. Lembro como hoje! Minha mãe perguntou e eu disse que não era nada não. Chegando em casa, a Venda ainda estava aberta e já era noite, meio tarde. Papai me viu triste e perguntou: O que foi filho? Eu na simplicidade de criança disse: Papai! Eu sempre canto parabéns para meus colegas, mas ninguém canta para mim! Os olhos do velho ficaram vermelhos e ele me disse tão meigo e amável: Filho, no seu próximo aniversário seus amiguinhos vão cantar parabéns para você! Que a alegria encheu meu coração.

Chegando os seis anos de idade, papai comprou um cabrito que fiquei penalizado, mas foi para minha festa. Eu alimentava o cabritinho, e sabia que ele iria morrer. Eu gostava tanto de brincar com o bichinho. Papai comprou dezoito galinhas caipiras para a festa. Mandou fazer salgadinhos que foram aos milhares. Refrigerante as centenas. Mamãe encomendou um bolo que era um castelo encantado todo ornamentado de diversos tipos de balas e guloseimas. O fotografo da cidade foi contratado para fazer as fotos! Vovó, que ainda vive, trabalhou muito pois era uma das melhores cozinheiras da cidade. Ganhei dezenas de presentes. Tudo que é tipo de presentes e brinquedos.
Meu irmão mais velho tinha um Estrelão e jogos de botões, mas sem escudos de times. Ganhei muitos jogos de botões, até do coisa ruim ganhei. Mas pasmem! Só ganhei um, um só da Estrela Solitária.

No outro dia, passada a festa, peguei aquele jogo de botão do Botafogo e fui até papai e perguntei: Pai, este é o seu time? O velho respondeu: Sim! E eu disse: Então Sou Botafogo Papai. Obrigado pela festa! O velho abaixou com um sorriso que sinto saudades e quase venho às lágrimas ao escrever estas linhas, me deu um beijo paterno de amor e carinho e um abraço e falou: Viu seus amiguinhos cantaram parabéns para você! Você está feliz? Eu disse sim, obrigado papai.

Sou Botafogo de gratidão, sou Botafogo em homenagem ao velho amigo que se foi quando eu tinha 17 anos de idade.

Mario Filho representa bem nas palavras: “MAS SER BOTAFOGO É ESCOLHER UM DESTINO E DEDICAR-SE A ELE. NAO SE PODE SER BOTAFOGO COMO SE É OUTRO CLUBE. É PRECISO SER DE CORPO E ALMA.“

Desde então sou Botafogo, um destino escolhido sem influências, nem de meu querido amigo, mas de gratidão a um homem trabalhador, honesto e digno de onde tiro até os dias de hoje exemplos para mim e minha linda família.

Sei que meus queridos amigos tem suas histórias e poderíamos vez por outra compartilhar. Deixo os comentários dos amigos sem as minhas inserções.

Um forte abraço e me desculpem por não ser um homem das palavras como nossos amigos Paret e Carlos Henrique.

Heleno de Freitas (do Blog)




Esta história foi publicada aqui no Botafogo Eterno pelo nosso amigo Heleno de Freitas, no Natal de 2010.


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