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domingo, 12 de fevereiro de 2012

OS DOIS ANOS DO BLOG - DEPOIMENTO

ANIVERSÁRIO DO BLOG - 2 ANOS - DEPOIMENTO DE LUIZ FERNANDO.


Uma imagem histórica do Luiz Fernando - O companheiro que viveu os anos de ouro do BFR.

Dia 01/11/2011

Caríssimos Botafoguenses.

Exatamente hoje, este espaço está completando dois anos de vida com muitos seguidores e um sensacional índice de visitas.

Agradecer ao idealizador já o fiz muitas vezes e para não me tornar pedante vou passar batido nisso.

Vou enaltecer a idéia que foi brilhante por sinal. Eu acredito, nunca perguntei, mas o ponto de partida da idéia deve ter sido o post de O Globo. Quando escrevíamos lá era até como defesa da instituição Botafogo de pessoas que na sua grande maioria sabiam apenas que futebol se joga com uma bola redonda e são 11 jogadores de cada lado. Queríamos escrever sobre muitos assuntos, discutir nosso clube de coração, criticar, elogiar, mas infelizmente nos tornávamos alvo de maledicências, cujo teor nos deixava irritados pois não conseguíamos dar a resposta à altura, tendo em vista que éramos sempre bloqueados em nossos comentários por jornalistas totalmente parciais.

O BLOG foi como um embrião que foi crescendo, crescendo até que no dia 01.11.2009 se tornou uma realidade graças ao PARET. Uma realidade maravilhosa para todos nós que o freqüentamos para discutir pontos de vista sobre o elenco e o Botafogo. Muitas vezes até fugimos do assunto interno para colocarmos outras situações que merecem um comentário relevante nosso, e ai se prova a qualidade e o nível dos botafoguenses.
Mas o mais importante disto tudo é que em apenas dois anos conseguimos mostrar aos nossos adversários que separamos o “joio do trigo” ou seja, mostramos do que somos capazes ao nos unirmos em torno de um clube que por mais que seja desrespeitado e invejado pela mídia, como disse o nosso torcedor ilustre Zagallo, eles tem que nos engolir como um dos clubes de maior tradição e glórias no futebol mundial. História não se faz da noite para o dia, se constrói ao longo dos anos, e esta história poucos no Brasil podem dizer EU TENHO.

Estamos em festa, PARABÉNS aos ilustres Botafoguenses MARCOS PARET e CARLOS HENRIQUE pela magnitude do espaço que franqueiam a todos nós, onde despejamos diariamente nossas alegrias e nossas frustrações, mas sempre com o intuito de elevar sempre o nome do BOTAFOGO.

PARABÉNS a todos nós que demos suporte a esta idéia sensacional, e que sempre por mais que possamos divergir mantivemos o alto nível nas mais diversas discussões.
Enfim, PARABÉNS ao próprio BLOG que não fica a dever nada aos principais blogs que existem por ai. Se isso foi conseguido, devemos muito ao idealizador e também ao COMPETENTE CARLOS HENRIQUE com suas magistrais descobertas, e a todos indistintamente que acreditaram que isso podia dar certo. Hoje, posso dizer com convicção que o BLOG BOTAFOGO ETERNO deixou de ser um blog, e se tornou um PATRIMÔNIO da nossa história e do clube que amamos.

Um abraço a todos, que possamos estar aqui unidos por muitos anos sempre lutando para ver o nosso querido e GLORIOSO BOTAFOGO DE FUTEBOL E REGATAS nas alturas, é o que desejo de coração.


Campeã dos jogos da Primavera - irmã do Luiz Fernando é condecorada pelo Dr. Luiz Galotti, ministro do STF, futuro presidente do Supremo e botafoguense emérito.


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segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

BANANA BEBA – O CRAQUE

Uma história de vida - Carlos Henrique.



Olá amigos,

Antes que pensem “O Carlos Henrique bebeu...”, por favor, leiam a história toda, creio que consigo esclarecer o título.

Bem, em segundo lugar, me desculpo porque será um texto longo. Por outro lado, havia escolhido esta data para a postagem, e estava preocupado, pois iria atropelar o post de um jogo do Botafogo. Mas como o Botafogo não jogou (nada), então ficou melhor.

Amigos, venho aqui para contar uma história minha pessoal, como botafoguense. Vendo a história de amigos como Luiz Fernando e Heleno, sabia que deveria escrever a minha. E vendo os amigos falando de Garrincha, Didi, Nilton Santos e tantos outros, sabia que deveria falar de um craque do Botafogo que tive o prazer de ver jogar, e conviver, e o nome dele é Banana Beba (não, acreditem, eu não bebi, e sei que vocês nunca ouviram falar dele).

Esta história encaixa muito bem neste momento de incerteza que vivemos agora, pois é uma história de resistência, de acreditar no que se faz, de acreditar no Botafogo, de acreditar na vida. Uma história de superação.

Ela se passa na segunda metade da década de 70, fora do Rio de Janeiro. Eu ainda criança, o Botafogo tendo comemorado o aniversário do urubu com uma goleada de 6 a 0 poucos anos antes (creio que foi a partir deste dia que me vi botafoguense, pois pouco lembro de futebol antes disso), mas em claro declínio, entrando na tenebrosa era de 21 anos sem títulos.


Botafogo inesquecível

Pois bem, nesta época fomos morar em outro estado, em local aonde conviviam pessoas de vários locais do país, e tínhamos livre acesso a quadras de Futsal. Não, na verdade de Futebol de Salão, como se chamava na época o esporte. Neste ambiente, pude ver o futebol do meu irmão desabrochar. Sua característica, de dribles desconcertantes, com uma mobilidade aguda e irreverente, um jeito meio que de boneco-de-mola, parecendo que iria cair a qualquer momento, e mais o fato de ser alto e branco, lhe rendeu o apelido de banana bêbada, ou de forma simplificada, Banana Beba.

Só para clarear o estilo, eram umas passadas largas desengonçadas, meio ao estilo do Somália, com dribles desconcertantes ao melhor estilo Maicosuel. Na época, comparavam ao estilo cambaleante do Toninho Cerezo. Acho que com essa descrição os amigos conseguem desenhar uma imagem do estilo do jogador. É claro que tudo isso num menino, iniciando a adolescência, e no tal futebol de salão.

Pois bem, ele era figura constante na pelada da criançada. A pelada sempre rolava naquele tradicional esquema de time de fora, e ele era um daqueles que estava sempre entre as primeiras escolhas. E dificilmente recusava uma partida, fominha de bola que era. Entretanto, além das peladas, a garotada “torcedora” acabou montando uns times fechados. Vou ser sincero, eram só dois times, o Vasco e mais outro, que realmente não lembro se Fluminense ou Flamengo. E volta e meia marcavam umas partidas, onde só o pessoal do grupinho fechado participava. Eram escalações prontas, o pessoal com uniforme e tudo. Nós que não estávamos no grupo e não tínhamos um time, só assistíamos. Inclusive o Banana Beba.

Na mesma época, os adultos resolveram aproveitar o espaço existente e organizar um clube dos moradores. O projeto foi bem pra frente, e acabou, para a garotada, resultando na criação de um torneio infanto-juvenil de futebol de salão. Abriram as inscrições, e logo estavam lá inscritos Vasco, Flamengo e Fluminense, pois já haviam criado um terceiro time, e seria um triangular.

Mas o Banana Beba, visionário (e isto me lembra o Paret com o seu/nosso BLOG), logo questionou:”Como pode o Botafogo ficar de fora dessa?”. Então ele correu atrás, arrumou quem topasse bancar parte do uniforme, e arrumou uns amigos para conseguir fazer a inscrição inicial do time dentro do prazo. E nessa estava lá eu, moleque, pequeno, franzino e perna-de-pau, compondo o elenco. Outro amigo de todas as horas, mas que não jogava nada, o Delany, também botou o nome lá. Assim como um melhorzinho no toque de bola, também botafoguense, o Ednaldo.


Galerinha em frente de casa

Estávamos inscritos! Haveria um Botafogo naquele torneio. E éramos a piada. Um verdadeiro exército de Brancaleone. Todo mundo apostando quem conseguiria a maior goleada em cima de nós. Mas o Banana Beba não era bobo, e sabia honrar o nome do Botafogo. Havia tempo para inscrever mais gente, e ele correu atrás, catando um pessoal que pouco participava das peladas, mas que ele sabia da qualidade técnica. E em poucos dias, batendo de porta em porta, ele conseguiu montar o time. Lembro até hoje e com facilidade a escalação final. Miltinho no gol, irmãos Caminha (não lembro o primeiro nome deles, talvez Márcio e Maurício), um fazendo o fixo, outro a ala esquerda, Banana Beba pela ala direita, e Ednaldo fazendo algo tipo um pivô.

Ainda assim éramos a piada do torneio. Veio o sorteio e o excelente e favorito time do Vasco, que possuía um fixo chamado Arquimedes, no melhor estilo volante inteligente, caiu para enfrentar o Flamengo. Coube ao Fluminense jogar contra nós na primeira partida do torneio. Ou seja, na cabeça de todo mundo a final seria Vasco contra Fluminense, apesar dos flamenguistas acreditarem numa vitória frente ao Vasco.


O time a ser batido

Fomos para o jogo. Eu e aqueles amigos de primeira hora fomos com muita honra para o banco de reservas, torcedores de luxo. Acabamos cumprindo papel importante naquela primeira partida. Porque? Porque era um torneio de duas partidas, no mesmo dia, jogo depois de jogo, e era importante não cansar demais os jogadores principais. Além disso, ainda houve um motivo nobre, gesto inteligente do nosso técnico. Explico fácil, aconteceu que Banana Beba e Ednaldo começaram a partida arrasadores, e o Caminha, nosso fixo, não perdia uma atrás. Então, em determinado momento do segundo tempo a partida teve que ser interrompida para atenderem o goleiro do Fluminense, que havia desabado na área, aos prantos. Local da contusão? No coração e no orgulho, pois isto ocorreu no momento em que ele sofreu o sexto gol, e vencíamos por 6 a 0, num baile total.

Depois de alguns minutos, o menino convencido a continuar no jogo, voltamos com time todo reserva, inclusive eu na quadra, e terminamos a partida com um acachapante 8 a 2. Não éramos mais piada, muito pelo contrário. Esperávamos a final. O outro jogo foi duro, e se a memória não me falha, terminou 2 a 1 para o Vasco sobre o Flamengo.

Mesmo com o 8 a 2, todos acreditavam no título do Vasco. Entramos na final com o time principal, a partida foi dura, mas fizemos 2 a 1. Já próximo ao fim do jogo o Banana pegou uma bola pela direita, driblou um, tocou para o Ednaldo que fez o pivô e devolveu rasteira para o próprio Banana, que encheu o pé e acertou o ângulo. Golaço! E me lembro bem até hoje, o Banana Beba pulando ao estilo Pelé, comemorando aquele golaço, que sentenciava a vitória. A partida realmente fechou naqueles 3 a 1, recebemos as medalhas, orgulhosos. E a coisa foi tão intragável, que já saímos dali ouvindo o planejamento de um novo torneio, pois aquela situação era inadmissível para eles. Mas não tinha como, aquele título era nosso. Um sonho realizado.

Prontos para receber a medalha

Mais do que isso, fizeram o tal novo torneio, e a coisa quase que se tornou evento anual, pois depois do segundo tiveram que fazer um terceiro e um quarto torneio. Conseguimos nada menos que o tricampeonato. E Banana Beba foi o craque do tricampeonato do Botafogo no final da década de 70, pelo menos na minha cabeça de criança, naquele nosso mini-universo, distante do Rio de Janeiro. Pode parecer besteira? Mas não. Saibam que com isso nenhum dos garotos tinha coragem de falar mal do Botafogo, falar da nossa crise de títulos, e os diversos problemas do clube, como a perda de General Severiano. Afinal, sofriam diretamente na pele as derrotas. Foi um ponto de resistência, foi algo que nos serviu de apego, naqueles e em mais alguns anos de dificuldades.

Banana Beba amadureceu, se aventurou pelo futebol de campo, e numa brincadeira de pelada chegou a dar uns dribles num cara, mais velho, mais forte, e que conseguia detonar todo mundo que tentava driblá-lo. Ao final da pelada, o cara se apresentou e fez um convite. Ele era jogador, zagueiro dos juniores de importante time do futebol brasileiro, antigo campeão brasileiro e atualmente na série B. Ele disse que apresentaria o Banana Beba para o técnico, para fazer um teste, e que tinha certeza que ele conseguiria a vaga. Meus pais não deixaram o teste se realizar, depois nos mudamos, outras prioridades vieram, e aí ele se afastou do futebol, apesar de jogar as peladas, sempre bem sucedido.

Veio a faculdade, e perto do fim do curso, quando ainda vivendo seu prazer pelo esporte e fazendo remo (já havia feito também atletismo), teve fortes dores nas costas. Avaliação médica indicava problema muscular, depois algo de coluna, após 3 semanas as dores só pioraram, e acabei o acompanhando carregado ao hospital, ele sem conseguir andar, sem força nenhuma nas pernas. Finalmente, rapidamente um neurologista fez o diagnóstico: um tumor pressionava sua coluna. Cirurgia feita, e a constatação de que era um tumor maligno, linfoma não-Hodgkin, levando também à quimioterapia e radioterapia. Aos 24 anos, foram 4 semanas deitado na cama, mais alguns meses entre cama e cadeira de rodas, muita fisioterapia, quase um ano necessitando de duas muletas para andar, depois só uma muleta, e finalmente usando eventualmente uma bengala para dar mais firmeza e tranquilidade.

Neste tempo todo eu também amadureci, também fiz faculdade, me formei, casei. Meu futebol de perna-de-pau evoluiu alguma coisa, evidentemente no gol, onde acabam parando os sem talento com os pés. E perto de casa havia um campo de futebol, e então um dia fui lá, eu, meu sogro, meu cunhado e o Banana Beba, já recuperado, só com o uso eventual de sua bengala. Resolvemos bater uma bolinha, só aquela brincadeira de troca de passes, afinal éramos somente nós 4 em um campo. Acabou que depois virou uma brincadeira de chute a gol, e eu de goleiro.

A brincadeira fluía bem, saindo alguns gols e algumas defesas, aquele bate-bola onde não sai nada que preste de jogada. Nem o Banana acertava nada, afinal eram quase 2 anos sem tocar em bola, e há pouco ele andava com facilidade. Quando de repente a bola espirrou para fora da quina esquerda (direita do goleiro) da área, eu me desloquei para lá, mas o Banana correu, pegou a bola. Dei dois passos para trás e para direita, fechei o canto, e saiu o chute dele. A bola subiu, e o chute abriu, como se fosse sair a minha esquerda lá pela linha de fundo, mas eu vi que o bola já vinha com efeito, e não havia como, alta e aberta, passou por cima e à minha esquerda, e caiu em curva, entrando no ângulo esquerdo do gol. Eu olhei a bola no fundo da rede, olhei para ele e sorri com aquele pensamento de goleiro que pensa “FDP, essa não tem como, vai sacanear outro”. Ele sorriu também, baixou a cabeça. Respirou fundo, botou as mãos na cintura, e falou: “Cansei. Estou satisfeito”. Eu concordei, também estava satisfeito.

Que orgulho daquele gol. Que orgulho de ter visto Banana Beba jogar. Que orgulho de ser tricampeão pelo Botafogo.
Que orgulho de ser Botafogo.
Parabéns Banana Beba.


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